Fotos: Natália Saraiva
O seminário “Visão 180° - Tendências e movimentos de consumo para supermercados”, realizado pela Acaps no último dia 1° de fevereiro, no auditório da Fecomércio, em Vitória, trouxe um resumo dos principais destaques da NRF, a maior feira do varejo do mundo, que aconteceu recentemente em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Os palestrantes Rodrigo Rodrigues, Edmour Saiani e Marcos Andrade dividiram com o público do seminário um pouco do que presenciaram na NRF. Eles apresentaram as novidades e trouxeram ideias que podem ser adaptadas e implantadas pelo setor supermercadista a fim de transformar e desenvolver os negócios.
O professor universitário Rodrigo Rodrigues, diretor-presidente da OpusMúltipla, ressaltou que a programação da feira é formada por centenas de palestras. Diante disso, ele preparou uma palestra focada na aplicabilidade das tendências apresentadas e citou que o varejo precisa melhorar a experiência do cliente na loja.
Segundo Rodrigo, a pandemia mudou a forma de consumo das pessoas. “Hoje os clientes têm acesso à velocidade de entrega, drive thru e expedição ágil, por exemplo. As lojas físicas terão a sua continuidade, mas precisarão de adaptação. Será necessário atingir o formato 2.0”, comentou.
Ele mencionou ainda uma característica comum para o momento entre as empresas: o investimento em marcas próprias e em segundas marcas. “O objetivo do varejo é vender mais, melhor e sempre. Para isso, é preciso trabalhar em itens como alcance e frequência da comunicação, sortimento, estoque, preço, velocidade do checkout e/ou da entrega e experiência de compra, que foi o grande tema da NRF neste ano”, pontuou Rodrigo Rodrigues.
O palestrante destacou que a experiência de compra e o tempo que o cliente irá levar para concluí-la farão a diferença. “Rick Gomez, da Target, fala sobre a importância de ter a loja como um serviço, permitindo que o cliente resolva tudo o que precisar em um só lugar. Já Paige Thomas, CEO da Saks Off 5TH, destaca a importância de ter produtos exclusivos, que são diferentes, mas que possuem preços acessíveis. Nessa linha, o reuso também aparece forte. A Nike criou um serviço para recuperar tênis, enquanto a Rolex aposta em uma linha de peças seminovas”, salientou.
Já Edmour Saiani, especialista em Gestão e Cultura de Atendimento e sócio-fundador da Ponto de Referência, afirmou que supermercado que tem bom atendimento aumenta as vendas. Ele ressaltou a importância do profissional que está na ponta do negócio. Esse trabalhador precisa ser ouvido por ter informações relevantes e estratégicas para a empresa.
“O varejo bom é aquele que faz uma coisa muito bem. Ele tem um ponto forte e se destaca entre os concorrentes. O grande desafio é conquistar e manter o time. É preciso ter essência e investir na construção do relacionamento. Digo que o varejo de hoje é físico, humano e digital. Supermercado que não inova vai ser trocado pelo digital”, afirmou Edmour.
Quanto às tendências, ele destacou que hoje já tem marca vendendo amostras de produtos e loja que investe em roupas infantis usadas. “Outra tendência é usar a loja como mídia. A Google Store, por exemplo, já oferece espaço diferente para o cliente, seguindo o entendimento de que a loja deve ser um lugar para estar, ser e se divertir”.
Por fim, Edmour deixou uma reflexão. “Quantas pessoas na sua marca são muito boas? E quantas não são boas? A resposta está no espelho”, provocou o palestrante.
Atendimento físico como aliado
Marcos Andrade, expert em Varejo e Visual Merchandising, CEO da Expor Manequins, considerada a maior empresa de manequins da América Latina, e cofundador da empresa Varejo 180, destacou em sua palestra que o comércio físico precisa ser visto como aliado e que as empresas devem cuidar para que não haja diferença entre o atendimento físico e o digital.
Ele ressaltou que, apesar de ser feira de tecnologia, a NRF focou bastante na cultura das empresas. Como case, Marcos citou a Nordstrom, loja de luxo que reúne itens de moda, calçados, bolsas e acessórios, maquiagem e até artigos para pets. Ainda como diferencial está o fato de ter bares instalados no local para atrair as pessoas e ser ponto de encontro.
“Estamos voltando com a loja física, que se faz fundamental para criar relacionamento. O melhor investimento que se pode fazer é acolher o cliente. A loja é um instrumento de marketing”, afirmou Marcos Andrade.
