Os membros do Comitê RH fizeram uma reunião extraordinária na última segunda-feira, 21 de novembro, para falar sobre um assunto que preocupa as empresas: o turnover. Como a rotatividade de empregados tem sido um desafio para o varejo, o grupo decidiu levar o assunto para ser discutido no comitê, de modo a encontrar soluções para lidar com o problema e trocar experiências.
O comércio sempre sofreu com o índice elevado de turnover. Pesquisas apontam que o segmento, inclusive, tende a ser o mais afetado pela rotatividade de pessoas, seguido pela área da construção civil e telemarketing.
Entretanto, segundo Ana Paula Ferreira Vizeu, gerente de Gestão de Pessoas do Carone, neste ano o desafio mais que dobrou. Durante a pandemia, o índice de desemprego bateu recordes, mas a percepção é de que o número de pessoas em busca de emprego reduziu significativamente.
“Até 2020, recebíamos milhares de currículos semanalmente. Neste ano o índice de desistentes ao longo do processo seletivo chega a 70%. Já aconteceu de agendarmos entrevistas com 70 candidatos e comparecerem 18. O turnover aumentou muito e a dificuldade de contratar e de repor essas vagas também”, comenta.
O Grupo Carone tem sofrido um impacto ainda maior na bandeira SempreTem, que são os atacarejos. “Acredito que a pandemia tenha trazido à tona questões que até então não eram tão significativas quanto hoje como a qualidade de vida. “Quando entrevistamos um colaborador que pede demissão, na maioria das vezes, ele sinaliza que busca uma oportunidade de trabalho que o permita chegar mais cedo em casa, por exemplo, ou curtir a família nos finais de semana. A busca é por alguns diferenciais que o comércio varejista e o atacadista dificilmente terão”, avalia.
Ana Paula pontua que o turnover disfuncional afeta diretamente a lucratividade da organização. Entre os problemas surgem o aumento dos custos atrelados aos processos de onbording (novos processos seletivos, treinamentos, uniformes, EPI's, etc.), o aumento dos riscos com acidente de trabalho com a sobrecarga de outros trabalhadores até que a vaga seja preenchida, o comprometimento do clima organizacional e do atendimento ao cliente. Segundo a gerente, o turnover disfuncional traz dezenas de consequências negativas para o negócio.
Busca por soluções
Segundo Tassyany Monteiro Gomes, analista de Remuneração SR na Nater Coop (antiga COOPEAVI), o encontro foi positivo e rendeu trocas importantes entre os participantes. Ela ressalta que foi uma oportunidade para conhecer as ações praticadas por alguns supermercados e dividir ideias para que, no fim, todos tenham sucesso.
Na Nater Coop, de acordo com Tassyany, o maior desafio é formar internamente os colaboradores para que se desenvolvam em outras atividades. Quanto ao turnover, o entendimento é de que a média de 2% na empresa não é ruim, quando comparado ao mercado.
“Para reduzir a rotatividade, acredito que seja fundamental ter um plano de cargos e salários estruturado; oferecer ticket alimentação, mesmo que em um valor pequeno; ter algum tipo de premiação; e realizar um trabalho em cima dos maiores GAPS das competências mínimas necessárias para exercer as funções. Vejo como importante também ter um registro de feedback para desenvolver colaboradores e ajudar os gestores no entendimento do que pode ser melhorado e adotar programas de incentivo”, opina.
Para Ana Paula, do Carone, existe uma dificuldade geral em integrar a nova geração ao mundo do trabalho. “Temos atuado em diversas pontas: clima, desenvolvimento da gestão, diversidade e inclusão de diferentes públicos (presos, idosos, refugiados, jovens, LGBTQIA+, PcD's...). Sempre fomos abertos, mas agora entendemos que temos que atuar de forma mais sistematizada e com atenção voltada para as reais inclusões. Elaboramos diversos programas para esses públicos e estamos com planos para iniciarmos em 2023”, afirma.
Além disso, o Grupo avalia pontualmente a remuneração e os benefícios, oferecendo programas de remunerações variáveis a partir dos resultados em alguns setores. “Acredito que o caminho seja nos reinventarmos, evoluirmos enquanto cultura para estarmos abertos às transformações da era digital e entendermos com o máximo de assertividade o que tem causado esse turnover para internamente atuarmos na retenção dos casos possíveis”, finaliza.
Novos debates
A Acaps está programando mais encontros pontuais com o Comitê RH para 2023, além das plenárias que já acontecem a cada dois meses. “Queremos manter o canal ativo com estes gestores, pois entendemos a importância deles para a sustentabilidade das empresas. Estamos programando mais trocas como estas, mobilizar mais os profissionais para trazerem seus anseios e problemas para um ambiente colaborativo e que estimule novas ideias e boas práticas para área humana dos negócios”, explica a coordenadora de Capacitação da Acaps, Adriane Avide.
Para participar do Comitê RH, os associados podem acionar o WhatsApp 27 99719-4920, identificando a empresa na qual atuam.