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Planta de 25 mil m2 vai tornar a proteína mais acessível ao brasileiro, incentivando o consumo em busca da saudabilidade
O velho provérbio “mar calmo nunca fez bom marinheiro” combina bem com algumas lideranças da indústria de alimentos. Em meio a um maremoto de desafios, há companhias mirando em expansão e renovação para ganhar fôlego, clientes e mercado. Essa é a aposta da Frescatto Company, uma das três maiores empresas de pescado no Brasil em faturamento — foram R$ 820 milhões no ano passado.
Apesar da pressão vinda de altos custos de produção, dificuldades logísticas, carga tributária e do achatamento do poder de compra dos consumidores, a companhia acaba de anunciar investimento de R$ 40 milhões na construção de uma nova fábrica. As obras no terreno de 30 mil m2, em Duque de Caxias (RJ), devem iniciar dentro de três meses, com previsão de estar em plena operação na metade de 2024.
A nova unidade, mais moderna, terá 25 mil m2 de área construída e substituirá a atual, erguida nos anos 1980. O objetivo é ganhar em produtividade, qualidade e oportunidades. Além da chance de abrir novas áreas de negócios, com produtos de maior valor agregado e linhas para exportação, o CEO da companhia, Thiago De Luca, vê no ganho de eficiência um meio para reduzir preços e atrair mais consumidores.
O executivo defende essa bandeira, inclusive, como caminho para tornar o pescado mais popular entre os brasileiros. Ainda mais considerando que o País tem cerca de 11 milhões de desempregados e a inflação dos últimos 12 meses passou de 12%, segundo o IBGE. “Quando a pessoa pensa em levar uma proteína para casa, busca a que é mais compatível com seu bolso. Se conseguirmos baixar o preço, o consumo aumenta”, afirmou De Luca, que também é vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca).
Essa investida da Frescatto Company é prova da confiança no próprio negócio e no potencial do setor. “O pescado tem tudo para ser a próxima potência do agronegócio brasileiro”, disse o CEO. Segundo o executivo, enquanto a média de consumo anual no mundo é de 23 quilos por pessoa e a OMS indica 20 quilos, no Brasil essa média está em 10 quilos. Ou seja, há um mar de oportunidades pela frente.
EXPANSÃO
A Frescatto processa por ano 21 mil toneladas de pescados frescos e congelados em sua matriz, no Rio de Janeiro, e atende todo o País por meio de suas quatro filiais: Brasília (DF), Contagem (MG), Recife (PE) e São Paulo (SP). A distribuição é dividida em 80% para food service (hotéis, bares e restaurantes) e 20% para supermercados. Os produtos mais representativos são salmão e peixes brancos, mas também há bacalhau, camarão e frutos do mar. Esses itens chegam ao mercado sob duas marcas, a Frescatto, mais premium, e a Bona Pesca, que tem preços mais acessíveis. O portfólio acabou de ganhar uma linha de porções individuais de salmão, com apenas 200g e embaladas com a tecnologia skinpack, que valoriza a apresentação do produto. A novidade integra a marca Alfresco e vem da parceria recém-fechada com a norueguesa Mowi, maior produtora mundial de salmão.
A empresa vive um bom momento, com perspectiva de faturar mais de R$ 1 bilhão este ano e crescer 24% em relação a 2021. A convicção quanto ao resultado vem, em boa parte, da lista de clientes, que em 2019 chegou a ter 7 mil nomes por mês e virou uma fortaleza da companhia. O sucesso só foi interrompido pela pandemia da Covid-19, que provocou o fechamento de muitos estabelecimentos atendidos pela Frescatto. Em 2021, já com um melhor entendimento sobre como lidar com a doença, o progresso da vacinação e a retomada de diversas atividades, o número de clientes voltou a crescer, e muito, passando de 11 mil.
RECOMPENSA
Faz 20 anos que Thiago De Luca trabalha na empresa fundada por seu avô, Carmelo De Luca, nos anos 1940. E, como ele mesmo conta, a entrada na indústria foi um empurrãozinho para direcionar sua própria vida. Hoje, no comando da companhia, tem a missão de continuar valorizando o negócio da família. Parece estar dando certo. Em fevereiro deste ano, por exemplo, a empresa recebeu o prêmio Mais Integridade, oferecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por responsabilidade social, sustentabilidade ambiental e ética. Foi a primeira vez que uma indústria do setor teve tal reconhecimento. Segundo De Luca, muito desse resultado vem do processo de compliance iniciado em 2016. E outro tanto, da paixão de seu avô pelos pescados, que vem passando de geração para geração.
Fonte: Romualdo Venâncio, Isto É Dinheiro