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Brasileiro aprimora paladar e mostra nova tendência em vinhos

Dados surpreendentes retratam o consumo da bebida de Norte à Sul do país

 

Enquanto a tendência mundial foi de redução na demanda de vinhos, o consumo da bebida no Brasil cresceu durante a pandemia de covid-19, de acordo com um relatório divulgado recentemente pela Diretoria de Agronegócio do Itaú BBA. Os brasileiros compraram 430 milhões de litros em 2020, o que representa um avanço de 18,4% sobre o ano anterior e o maior volume desde 2000.

 

Mais de 50 milhões de brasileiros, ou cerca de 36% da população adulta do País, consomem a bebida regularmente, uma proporção equivalente à dos Estados Unidos, segundo a Wine Intelligence. No entanto, o número é muito inferior à média europeia, “há um enorme abismo para ser explorado”, comentou a diretora-executiva (CEO) da chilena Veroni Wine, Livia Marques.

 

Cada brasileiro, em média, bebeu 2,64 litros de vinho em 2021, segundo estimativa da Ideal Consulting. Os argentinos, que registram o maior consumo per capita nas Américas, bebem 30 litros por ano, enquanto os portugueses, os maiores consumidores individuais do mundo, chegam a 69 litros por ano.

 

Mudança de perfil de consumo de vinho

 

O mercado brasileiro está passando por uma mudança de perfil do consumo. Em 2021, pela primeira vez, houve um aumento na procura por bebidas de maior qualidade. Foram comercializados 217 milhões de litros de rótulos finos, enquanto os vinhos de mesa responderam por 205 milhões das vendas, aponta a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).

 

“Antigamente, apenas pessoas com bons recursos financeiros e apreciadores consumiam vinho. Hoje, um rol muito maior e igualitário se anima em, pelo menos, experimentar”, afirmou Marques. Isso é resultado de um esforço das marcas tradicionais de vinhos que não costumavam investir em marketing, mas que aumentaram a presença na internet durante a pandemia.

 

A frequência na apreciação de vinho aumentou para 28% dos brasileiros durante a crise sanitária, segundo estudo O Mercado de Vinhos, realizado no fim de 2021 pelo clube de assinaturas Wine. A pesquisa aponta que 20% dos brasileiros passaram a beber em ocasiões diferentes, e 15% costumam consumir sozinhos.

 

Aumento de importação

 

A expansão do consumo nacional de vinhos tem chamado a atenção do mercado internacional. As importações saltaram de 120 mil toneladas, com valor total de US$ 372 milhões em 2019, para 160 mil toneladas e US$ 478 milhões em 2021, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

 

O Chile, quarto maior exportador de vinhos do mundo em volume, tem o Brasil como o segundo maior destino de suas bebidas, atrás apenas da China. No ano passado, o país vizinho representou mais de 43% das importações brasileiras do setor, com o envio de 70 mil toneladas que totalizaram US$ 183 milhões.

 

Além dos chilenos, os argentinos — responsáveis por 17% das compras brasileiras — contam com a isenção de impostos alfandegários devido ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), que garante uma vantagem competitiva em relação aos europeus. Ainda assim, Portugal, Espanha, Itália e França representaram 40% das importações do Brasil em 2021.

 

Produção de vinhos nacionais

 

A Região Sul do Brasil, especialmente a Serra Gaúcha, concentra 90% da produção da viticultura nacional, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A cadeia produtiva de vinhos e uvas movimentou R$ 11 bilhões em 2019, incluindo os diferentes canais de distribuição e o enoturismo, e emprega mais de 200 mil pessoas.

 

O País é o único do mundo que conta com três tipos de viticultura, o que proporciona uma diversidade única de sabores para a produção nacional. A tradicional se desenvolve amplamente nos Estados do Sul, além de pontos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo, e está presente há mais de um século no Brasil.

 

A produção tropical, mais recente, está presente no Vale do Rio São Francisco, entre Bahia e Pernambuco. Já a viticultura de inverno abrange locais com altitude entre 700 metros e 1,2 mil metros, com destaque para a Chapada Diamantina (BA), os Estados do Sudeste, Goiás e o Distrito Federal.

 

Fonte: SummitAgro Estadão

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