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Supermercados pressionam indústria do leite e resultados já aparecem na ponta

Economistas do Cepea revelam que o produto subiu menos, em torno de 14%

 

Após se tornar o grande vilão da inflação no mês de julho, o leite longa vida começa a acenar um alívio para o bolso do consumidor em agosto, devido a um recuo no consumo e incentivos à produção. Segundo dados do IPCA-15, divulgados nesta quarta-feira, o leite longa vida subiu 14,21%em agosto, uma forte desaceleração em relação ao mês anterior.

 

O IPCA-15 de julho registrou alta de 22,27% do produto. O indicador considera a coleta de preços do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência. No mês fechado, os preços são medidos pelo IPCA, que apontou salto de 25,46% em julho, segundo o IBGE. Em 12 meses, o leite acumula alta de 80%.

 

A desaceleração deve continuar daqui para frente. No atacado, os preços já acumulam queda de 17,3%, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, com base em preços coletados no período entre 15 de julho a 15 de agosto no estado de São Paulo. Os valores consideram negociação entre indústrias de laticínios e canais de distribuição.

 

Natália Grigol, pesquisadora da área de leite do Cepea explica que, nas vendas do atacado, é possível observar quedas diárias pequenas, mas que têm sido consistentes. Ela atribui os preços mais baixos a uma diminuição da demanda pelo produto.

 

— A demanda tende a se enfraquecer quando ocorre o aumento expressivo dos preços e é isso que tem ocorrido: menor volume de vendas e aumento de estoques. Canais de distribuição pressionam mais os produtores de laticínios por negociações (para preços mais baixos) — explica a pesquisadora.

 

Além da demanda menor, contribuem para a queda de preço o aumento das importações de leite e a retração no preço do milho, que barateou a ração, gerando maior incentivo à produção. A proximidade da primavera, que marca o fim do período de entressafra, igualmente aponta para o fim do ciclo de alta na cadeia do leite, diz Natália.

 

Derivados de leite

 

De acordo com Wissam Riachi, diretor da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio de Janeiro e representante comercial dos laticínios DaRolt, já é possível observar queda de 44% no preço de alguns itens.

 

Já neste mês de agosto, é possível encontrar derivados do leite mais em conta, após baterem recorde de preços em julho, quando as cotações do leite longa vida (UHT), da muçarela e do leite em pó (400g) atingiram médias de R$ 6,50/litro, de R$ 43,78/kg e de R$ 35,27/kg, respectivamente, com altas reais de 25,5%, de 20,6% e de 16,2% frente ao mês anterior.

 

— O mercado já afrouxou. Hoje você já encontra leite no supermercado abaixo dos R$ 5. O preço dos queijos também já começou a cair. O queijo muçarela chegou a bater R$ 45 o quilo e já está em R$ 30 de novo. O leite, que estava R$ 7,50, agora custa R$ 4,20 — diz.

 

Fonte: Por Camilla Alcântara,O Globo

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